Velhos amigos são como os bons vinhos:
Estão sempre lá esperando para serem vistos e escolhidos a dedo na adega dentre tantos, raríssimos de se encontrar e quando [re]encontramos os olhos transbordam de felicidade (como no primeiro contato)...
Percebemos que perto deles pouco importa a ocasião e sim a união. Qualquer lugar é lugar para degustar de momentos especiais com pessoas especiais, a graça das coisas está mesmo na simplicidade de um gesto decifrado com um olhar e de um sorriso que por semanas pode durar...
Aquela piada interna no bar que não foi esquecida, aquela presença surpresa sempre agradável e notável, aquela gentileza sutil, aquelas ligações que duravam horas até aquelas cartinhas tão caprichadas escritas á mão!
A gente vai crescendo e observando que os pequenos detalhes fazem toda diferença na nossa vida...tudo teve seu tempo, as estações mudaram, os frutos renderam, as folhas caíram e eles continuam lá como parte de nossas raízes, de nossa cultura, de nossa formação como ser humano. Tomamos pequenas doses diárias do que faz bem á saúde do nosso coração ao lado deles. Por vezes eles ficam em conserva, mas bem sabemos que os bons vinhos quanto mais tempo demoram para serem degustados ( quando bem conservados) melhor sentimos o seu sabor, assim como nossos amigos...os tempos podem não ser o mesmos, mas o prazer de revê-los é insubstituível...
Paixão é doce mas dura pouco porque enjoa ou porque acaba e por vezes fica um gosto amargo no final. Amizade é amor duradouro, denso, muito mais intenso, mais vivenciado, mais refinado, aquela sede de saciar-se com qualidade, o acompanhamento do processo de evolução, aquela família que escolhemos para ficar em volta de uma fogueira...pode até acabar ou se distanciar, mas nunca morrer, enquanto cultivas memórias boas que compensam e até mesmo cobrem os poucos momentos que por hora foram ruins, não há nada nem mesmo ninguém capaz de destruir a troca de energias positivas inenarráveis que há, se não de um para o outro, da memória para o coração.