terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sobre febres e vampiros


É certo que Vampiros sempre mexeram muito com a mente e imaginação de muitos jovens e adolescentes e depois do lançamentos dos livros de Stephenie Mayer, a febre parece aumentar. Os fãs da série de livros da autora provavelmente não são apreciadores de Anne Rice, tão pouco de Bram Stocker, ou no mínimo desconhecem tais nomes e suas respectivas obras literárias.



Percebe-se ao longo do livro "Twilight" ("Crepúsculo") que anos e anos de "tradição literária vampírica" foram jogadas no lixo quando o suposto "vampiro" Edward se expõe a luz do Sol, quando entra na casa de uma humana sem ser convidado e muitos outros fatores decepcionantes para quem esperava uma história sobre vampiros. O livro se trata de um romance meloso juvenil e não supera clichês na tentava frustrada de "modernizar" os "vampiros", mas é fato que virou sucesso ainda maior por ter sido transformado em um "blockbuster". O filme não decepcionou muito por ter sido bem fiel ao livro, exceto pelo fato de ter passado alguns momentos muito rápido ( o que é normal ), por não ter abusado dos efeitos visuais e sim do jogo de movimentação da câmera para mostrar os "poderes" e as "emoções" de Edward, o que de certo modo deu simplicidade e deixou o filme mais "limpo e claro".


Certamente Mayer ignorou a existência de " Drácula " de Bram Stocker ou "Entrevista com o vampiro" de Anne Rice e ainda sim tornou-se motivo de piada para muitos dos jogadores de RPG. Independente disso o sucesso, a fama e o dinheiro chegaram até ela.



Muitos filmes como "Underwolrd" e "30 dias de noite" modernizaram vampiros sem precisar perder a essência da "criação" deles, o que é um fator a se considerar. Mas romance por romance entre uma "criatura" e um/uma "mortal" existe o filme " Sangue e chocolate" que certamente agrada/agradou ou agradará os fãs de "Crepúsculo". Já para aqueles que se aprofundaram na "onda vampírica" muito antes dela chegar, apreciam e prezam pela "tradição" com doses de sarcasmo, uma boa série para se assistir lançada recentemente na HBO é "True Blood".

*na imagem : " O Vampiro Lestat e Acaxa" do filme " Rainha dos condenados".


Para saber como os "vampiros surgiram", clique aqui : http://www.geocities.com/area51/dunes/9363/vampo.html




sábado, 17 de janeiro de 2009

.Do.que.não.se.dizia.

Eram 5 horas da manhã, Clara não dormira, virava-se de um lado para o outro compulsivamente naquela cama de colchão fino na tentativa vã de exorcizar seus pensamentos. Havia um edredom que a cobria, mas não cobria seus medos, pensamentos, hipóteses e angústias de nunca mais conseguir colocar para fora tudo aquilo que um dia já sentira.

Agora ouvira os pássaros cantarolar, já era tarde demais, como em todos os outros últimos dias, banhava-se de livros, cartas, textos, filmes, vídeos, poesias, era de se admirar, mas quanto mais assistia, ouvia e entendia, menos ela sentia. Seu armário era oco e não haviam segredos ali naquela estante. Mas por quê Clara? Por quê?

Vestia-se de modo qualquer e sentava-se naquela poltrona preta e fria de um estofado tão macio a ponto de sua consciência descansar ali, mas sua mente não, parecia o tempo todo estar caçando palavras. Ao lado da poltrona uma mesinha de canto com um cinzeiro , uma xícara de café bem trabalhada e singular frente a uma luminária que por sinal não iluminara nada na mente vazia de Clara, apesar de ter os teus contornos transparentes s e simplistas como seu nome. Detalhes sutis desenhados na madeira rebuscada da iluminaria tomavam a maior parte do tempo dela sentada ali naquela poltrona gelada.No seu pulso um relógio tradicional que embora estivesse presente, nunca a acompanhava em seu tempo. Seus dedos eram compridos e delicados iguais aos meus, quando abrira a gaveta e tomava seu Box para acender um cigarro, tinha em seus gestos um dom de quem toca piano ou violão. Ah... bons tempos aqueles em que eu sentia a música vibrando em seus dedos quando pegava aquela caneta tão específica de tinta azul e entrava em transe com o papel! Hoje eu só me lembro do seu olhar atento quando abre o laptop, caso contrário é tão longínquo e melancólico quanto seu silêncio gritado quando nos sentamos no sofá da sala para assistir televisão.

Clara, nunca disse que não te amava, nunca quis te deixar de lado meu amor...Onde foi que eu guardei as chaves do teu coração? Quando foi que minha ausência se tornou tão presente ao ponto de ver-te tão calada de repente? Teu silêncio me agride , teu olhar me corrói, tire essa máscara do teu espelho, tire esses óculos dos teus olhos, você não precisa se esconder aí dentro.
Quer saber? Tirei os óculos do rosto dela e para minha surpresa havia adormecido tocando levemente o cigarro que ainda não havia acabado até o cinzeiro com uma das mãos e a outra...tão gélida e expressiva repousada sobre as minhas.

Estava com uma aparência tão serena naquele dia que eu me recusava a entender...me lembro bem de tua última palavra tão fria e tímida de voz rouca antes de adormecer me dizendo : “ Acabou!”